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ENCICLOPÆDIA

BIOGRÁFICA DE

ARQUITETAS e ARQUITETOS

DIGITAL 

"EBAD" - DESDE 2015 - by Silvio Durante
Vitrúvio
♦  Século I a.C, Império Romano (Itália)
† Século I d.C Império Romano (Itália)

Nota do Editor: 

 

O nome de Vitruvio:

 

Nos documentos da antiguidade, ele é citado apenas como Vitrúvio. No século III d.C. o escritor romano Marcus Cétius Faventinus acrescenta-lhe o sobrenome Pollio (Polião). A identificação moderna que o outorgamos (Marcos Vitruvio Polião), não é baseada em certezas históricas e surgiu no Renascimento, quando os documentos da antiguidade foram redescobertos e traduzidos. Outros três Vitruvius estavam documentados em inscrições (Marcus, Lúcius e Aulus). O pronome Marcus foi a hipótese mais aceita e o que tornou-se corrente à referir-se ao famoso arquiteto. Desde então referimo-nos a ele como Marco Vitruvio Polião.

A única referencia segura de seu nome é, contudo, a assinatura de deu tratado De Architetura, onde o autor identifica-se apenas como Vitruvius.

 

Silvio Durante (editor da EBAD)

PERFIL BIOGRÁFICO:

 

Quase tudo que sabemos sobre a vida de Vitrúvio é a partir dos dados autobiográficos que ele mesmo cita no tratado De architectura. Outras informações são complementadas pelos escritores antigos que o citam em seus manuscritos. É provável que ele tenha nascido na cidade de Verona, pois há inscrições de um tal arquiteto Vitruvio no Arco dos Gavos, presente nesta cidade e também é sabido a existência de famílias (gens) com este sobrenome em Verona.

 

Os fatos conhecidos da carreira de Vitrúvio são de que ele ocupou algum posto no exército de Júlio César e que durante esse tempo de serviço militar era encarregado da manutenção de máquinas de cerco e artilharia. Logo depois, ele serviu nas tropas do sobrinho-neto de César, Otávio, que mais tarde tornaria-se o imperador Otávio Augusto.

 

De acordo com os escritos de Frontinus (De acervo urbis Romae, 25), Vitruvio aproximou-se da família imperial após aplicar seus conhecimentos de engenharia hidráulica durante a construção do aqueduto Aqua Julia, obra do arquiteto e general Agripa, em 33 a.C.

 

A única obra que ele provavelmente tenha sido o responsável direto (embora ainda haja incerteza sobre a autoria), é a basílica de Fanum Fortunae, dedicado à família de César, na costa do Mar Adriático. Em 1556, Palladio representou a planta deste edifício a partir da descrição de Vitruvio.

 

Seus escritos pertencem ao último período de sua vida. Durante sua juventude, sabe-se que ele nao produziu nenhum escrito. Os livros foram todos dedicados ao seu patrono, Otavio Augusto. Sabe-se que ele já era bem idoso quando foi lançado por Otávio Augusto o grande programa de construção civil que iria mudar a face de Roma (como o próprio Otávio dizia: "Roma era uma cidade de tijolos, transformei-a numa cidade de mármore"), mas é certo que Vitrúvio tenha presenciado e certamente participado dos edifícios erguidos nos primeiros anos desse programa.

 

Seu tratado, o único do tipo escrito na antiguidade, chama-se "De architectura" e compreende dez livros, cada um com um prefácio separado. O tratado está esquematizado da seguinte forma:

 

- O Livro I, possuiu uma secção introdutória onde é definida a natureza da arquitetura e da personalidade e formação ideal do arquiteto, discute o planejamento da cidade em termos generalistas.

- O Livro II abrange a natureza e características dos materiais de construção (tijolos, areia, cal, pedra, madeira, etc) e métodos de construção.

- Os Livros III e IV são dedicadas à arquitetura religiosa (templos) e uma discussão detalhada das ordens clássicas.

- O Livro V é dedicado a outras formas de arquitetura pública, com especial destaque para o teatro.

- O Livro VI trata da arquitectura doméstica, como as casas e palácios.

- O Livro VII trata de questões práticas de acabamento e detalhes construtivos como tipos de piso, estuque, pintura e cores.

- O Livro VIII se volta para as fontes e transporte de água, por condutas ou aquedutos.

- O Livro IX faz uma longa digressão sobre astronomia para depois descrever várias formas de relógios e mostradores de tempo.

- O Livro X trata sobre mecânica, com especial referência para os motores de água, um hodômetro, e uma seção sobre máquinas de artilharia e outras formas de engenharia militar. As ilustrações originais feitas pelo próprio Vitruvio, que acompanhavam o texto se perderam quando os mais antigos manuscritos sobreviventes foram transcritas.

 

Para os leitores modernos isso pode parecer uma mistura bastante curioso de assuntos, mas a antiguidade não havia a distinção ocorrida no século XIX entre arquitetura e engenharia. Nos tempos romanos, havia apenas duas formas de tornar-se um arquiteto: sendo aprendiz de um mestre ou aprendendo as artes da engenharia militar, fato que acontecia no meio nas legiões romanas. Vitruvio provavelmente trata-se do segundo caso, pois não há nenhuma referência que ele tenha tido um mestre de ofício.

 

Qualquer avaliação do significado histórico do tratado de Vitrúvio tem que começar por reconhecer que seus escritos refletem os dois aspectos distintos de sua personalidade arquitetônica: o praticante e o teórico.

 

Não sabemos a data exata de sua morte. Seus escritos se perderam durante a Idade Média e somente em 1414 foram "redescobertos".Entretanto, não havia nenhuma edição impressa até 1486, mas há mais de vinte cópias manuscritas do século XV, feita para a circulação entre os estudiosos humanistas, arquitetos e artistas.

 

Somente em 1556 saiu a edição da tradução feita e comentada por Daniele Barbaro e no ano seguinte, 1557, Barbaro faz uma nova edição ampliada e já contava com desenhos de Palladio, pois os originais de Vitruvio não foram recuperados. A obra de Bárbaro foi tão monumental que obscureceu os lançamentos anteriores e passou a ser a grande referência para os arquitetos de então.

 

Vitruvio, em ilustração da capa do Livro X, edição de 1649, por Ludovico Elzevirium
Vitruvio entrega à Otávio Augusto o De Architectura.
Ilustração da capa do Livro X, edição de 1649, por Ludovico Elzevirium
Arco dos Gavos, da cidade de Verona, onde conta a inscrição referindo-se a Vitruvio
arco-dei-gavi_M.L.Vitruvius.jpg
folha de rosto do livro de 1567.jpg
Página interna da edição moderna do tratado de Vitruvio "Os Dez Livros da Arquitetura", com comentários e tradução de Daniele Bárbaro e desenhos de Andrea Palladio, de 1567

- Referencias:

 

- "Vitruvius Pollio." Complete Dictionary of Scientific Biography. 2008. Retrieved June 09, 2016 from Encyclopedia.com: http://www.encyclopedia.com/doc/1G2-2830904942.html

 

- GLANCEY, Jonathan. Guia Ilustrado de Arquitetura. Trad. Laura Alves e Aurélio Rebello. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.

 

- KOCH, Wilfred. Dicionário dos Estilos Arquitetônicos. Trad. Neide Luzia de Rezende. 4º Edição. São Paulo: Martins Fontes, 2009.

 

- VISUAL ARTS. ENCYCLOPEDIA OF ART and DESIGN. Vitruvius (c.78-10 BCE) Marcus Vitruvius Pollio. Disponivel em 

http://www.visual-arts-cork.com/architecture/vitruvius.htm. Acesso em 09 de junho de 2016.

 

VITORINO, Júlio César. SOBRE A HISTÓRIA DO TEXTO DE VITRÚVIO. Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v. 11, n. 12, p. 33-50, dez. 2004

Como citar este documento:

Enciclopædia Biográfica de Arquitetos Digital

Autor(es) do verbete: DURANTE, Silvio.
Título: Vitruvio

Documento nº:  V 13

Disponível na Internet via: https://www.ebad.info/vitruvius
Última atualização: 09/03/2020

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